Ministrantes discutem a integração de ações extensionistas no ensino superior e trazem exemplos práticos de projetos da UFPR
A extensão universitária é um dos três pilares da educação superior, junto com o ensino e a pesquisa. No entanto, por mais que as atividades extensionistas devam abarcar todos os níveis acadêmicos, elas são comumente mais associadas à graduação. Pensando nisso, nos dias 26 e 27 de setembro, o Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, da Universidade Estadual de Maringá (PCF/UEM) e o NAPI Neurociências promoveram um workshop voltado à inserção de ações de extensão na pós-graduação.
O objetivo foi estimular a incorporação de práticas extensionistas. As convidadas para compartilhar suas experiências na área foram as professoras Joice Maria da Cunha e Janaina Menezes Zanoveli, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e que também fazem parte do NAPI. Elas abordaram desde a proposição de projetos de extensão até os processos de execução, captação de verbas e criação de parcerias, utilizando suas vivências na UFPR como exemplo.
No primeiro dia do workshop, a professora Joice da Cunha apresentou o projeto de extensão “Prevenção ao Abuso de Drogas”, que coordena. A iniciativa desenvolvida por docentes, graduandos e pós-graduandos do Departamento de Farmacologia, da UFPR, aborda o mecanismo de ação das drogas de abuso e seus efeitos nocivos aos usuários, e tem como público alunos do ensino médio de escolas públicas de Curitiba.
Equipe do projeto “Prevenção ao Abuso de Drogas” em ação
Um dos tópicos destacados pela pesquisadora foi a importância da comunicação associada ao compromisso que a universidade tem de levar informações verídicas à comunidade. “Uma das características essenciais da universidade é fazer essa comunicação dialógica. Da gente com a população, mostrando a ela o que fazemos. No projeto, falamos sobre o abuso de drogas em cursos de pequena duração, por meio da vivência acadêmica, ao trazer os estudantes para os nossos laboratórios, e também através da metodologia científica, evidenciando que não dá para dissociar ensino, pesquisa e extensão”, salienta.
No segundo dia, a professora Janaina Zanoveli deu continuidade à apresentação do projeto de “Prevenção ao Abuso de Drogas” e apresentou feedbacks dos participantes. “Alguns estudantes falam que foi o lugar mais genuíno que eles estiveram além da casa deles. Falam que adoraram, que queriam que tivesse mais uma semana de curso. E os alunos de pós-graduação se surpreenderam muito e comentaram que a participação no projeto fez com que eles se sentissem pesquisadores mais empáticos. Além disso, a própria interação com outros colegas propiciou uma maior amizade e, quem sabe, uma parceria em pesquisa”, conta.
Momento das dinâmicas durante o workshop
Além das discussões teóricas, as palestrantes aplicaram algumas dinâmicas que utilizam nos cursos com adolescentes. Entre as atividades, estavam quizzes interativos e o uso de óculos que simulam os efeitos do álcool e de outras drogas. Essas ferramentas, quando combinadas ao aprendizado acadêmico, favorecem uma imersão mais profunda no conteúdo.
O workshop foi uma oportunidade para refletir o papel da extensão na pós-graduação e iniciar mudanças nessa cultura, como ressaltou a professora Janaina. Para ela, a pós-graduação sempre esteve voltada para a pesquisa, o que limitou o envolvimento com a extensão. No entanto, existem novas exigências que estão promovendo uma transformação nesse cenário. “Espero que, nos próximos anos, tenhamos plenamente incorporado essa cultura extensionista nos programas de pós-graduação”, conclui a pesquisadora, enfatizando a importância de eventos como esse para fomentar essas transformações.